A racionalidade dispensa meu uso
Cheguei à conclusão fulcral: a racionalidade dispensa meu uso; por mais sofisticada que seja a nossa capacidade retórica e lógica de explicar a arte, ela ainda é inexplicável. Só podemos senti-la e no máximo falarmos por analogias. Ao dizer isso, parte do seu brilho se escurece, porque explicar o que não se deve, desalinha o reflexo do espelho da alma. Enxergamos a coisa não mais como a sua subjetividade própria. A disputa do belo (belo é um conceito carcomido por mim) será ad nauseam, mesmo os teóricos enganando a humanidade com suas inúteis teorias.
Tratados, ensaios, filosofias e todo entendimento são alforrias do cérebro pensante, não obstante de pensar, categoriza coisas exaurindo-as de seus significados. Por exemplo, quando descrevo objetivamente o poente, pressuponho minha subjetividade perante ao objeto observado. Mas se eu for um teórico, gastarei largas palavras para explicar o porquê da minha visão do poente não ser como a de outras pessoas. Sem esquecermos das múmias historiadoras é claro: dirão que a única maneira de disputar a beleza de uma obra é através da tradição. Para explicar essa balbúrdia retórica, eu deveria conceituar sobre o realismo e irrealismo epistêmico, mas a fim de entendimento, os vejamos como soldados: nobres, valentes e satisfeitos pela pátria, todavia, são ventrículos de um único rei, meticulosamente entendido do assunto. É isso o que comparadores são a stricto sensu.
O debate sobre coisas boas e ruins é na maior parte das vezes extra-artístico. Não se trata do clássico versus a vanguarda, definitivamente não. Se trata de como há o controle de narrativa política em prol de determinado pacote de crença, em como é fácil criar estéticas úteis para os seus sentimentos, para suas adorações midiáticas. Ora, quem se aproxima dessa minha lógica estará automaticamente impelido a fornicar sua opinião positiva sobre o texto, mas quem discorda, idem, e isso é o que preciso! Converterei alguns adeptos da ideia enquanto incomodarei os contrários. A técnica sofisticada do marketing na contemporaneidade é o que move as paixões dos amantes da arte a discutirem. Não se trata mais de história ou estética, ‘’certo’’, ‘’errado’’, ‘’verdade’’, ‘’mentira’’, ‘’coerente’’ e ‘’incoerente’’, se trata da persuasão e do falatório como manobra política.