Amizades que passam, passam…

Reirazinho
1 min readJul 25, 2024

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art: Artist’s death. The last friend (1901), by Zygmunt Andrychewicz (1861–1943)

Os amigos se perdem no caminho
como a gente vaga pela vida.
São passos vagos e lamacentos
num bosque semirreal:
protótipo de fantasia medieval
plastificando como o amor
o cume das incertezas.

Amizades são para mim a cama
onde repousamos a carne
e ativamos o espírito,
donde o interior de nossa criança
acorda para sonhar leveza.

Sinto a paz da amizade vagar
em lume de esperança aguada;
é esperança contínua
e penosa de que tudo é pesadelo:
briga, afastamento, vida adulta…

Tudo enrijece em susto bruto
das coisas concretas.
A vida é matéria de enxofre sutil:
nos dias de mais alegria é
também sobre arrebatamento demoníaco.
Gárgulas que nos entristecem,
alguns celestes amigos ficam,
mas a grande maioria desaparece.

Gosto das pessoas
como gosto do cheiro do amor.
Lírios são vidas, apesar
da melancolia peçonhenta.
Acostumei com a solidez
da impermanência;
ora, é por respirar o amor
que a fragrância passageira
passa e sinto vocês.

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Reirazinho
Reirazinho

Written by Reirazinho

Sou feito de palavras não ditas e de melancólicas emoções. Escrevo o meu mundo com poesias e prosas.

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