Angústia comum

Reirazinho
Feb 23, 2024

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art: Hope (1891), by George Frederic Watts (1817–1904)

Meu coração coça o regurgito.
Vejo cemitérios em pessoas,
o desespero abraça os olhos,
e aperta tristeza na terra dos mortos.
Sigo o pressentimento do terrível.
Atento-me ao invólucro
espasmo da existência,
pulsa com o fel da mão de Cristo,
escorre o sangue do homem,
a mão pregada não toca
meu pessimismo notívago.
Sozinho com a alma vaga
perdida no jardim dos pecados,
apenas um caixão móvel,
e eu, indesculpavelmente cadáver.

Apesar das proposições da vida,
a sentença carrega reticências.
Solitário entre cascas vazias
sobrevivo no mausoléu:
um dia morre pelo outro…
o coração repete angústias
mas não me assassina em morrer…

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Reirazinho
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Written by Reirazinho

Sou feito de palavras não ditas e de melancólicas emoções. Escrevo o meu mundo com poesias e prosas.

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