Aos meus amados críticos
O filósofo retumbante ensina a pensar
Eu, como ser pequenino, me calo
Diante de sua riqueza espiritual.
Meus versos alexandrinos (jamais alexandrinos)
Gritam com a ironia da vida
Porque todos os meus críticos são fracos
Assim como eu, mero ser pequenino.
Sou chamado de imitador, silogista
Lógico, mente fechada, insensível;
Olha, talvez eu até seja, mas
Se tem uma coisa que sei, é escrever
Sobre todos os meus defeitos.
Nu, danço para todos vocês,
E vocês se assustam,
Pedem clemência e choram,
Até porque parece crime ser honesto.
Nunca fui bom poeta e se afirmei isso,
Jogue-me nos dentes de Cérbero.
Falo sobre minha existência
E ela dança entre versos tortos,
Perfeitamente desalinhados
Numa assincronia
Paradoxalmente estética.
Mas vocês negam e negam,
E me chamam de imitador
Do clássico, do garboso
E eu só concordo,
pois um
mero
ser
pequenino
Nunca entenderia
O saborear da verdadeira arte,
A que enriquece os deuses
Num jubilar mágico
De prosas perfeitas
Alinhadas, bonitas.
Minha vida sem graça,
Brutalista, depressiva,
Choca e incomoda
Todos, é por isso
Na insistência de escrever
É que passo vergonha.
Sou feio, burro,
Então imito
O belo e inteligente,
Que vive melhor
E pensa
E ama
E é superior a mim.
É por isso que sou melhor que todos vocês,
E a única crítica válida
São minhas lágrimas mais reais
Que me acompanharam desde o nascimento
Até o verso atual,
Pois só sei o que passei e senti
Para ter versos que vi
Uma noite amorosa de gente partiu
De mim, como o seio de Deus
Que me ignora quando eu o desejo,
E todos os conselhos de vocês,
Imitados por livros ruins
Nunca vão saber porque
A poesia é individual e dói perenemente
Numa água corrente, cheia de sangue
Que só quem sentiu e entende
Ser esquisito, desalinhado, diferente
e ter sobre o coração ante
Os órgãos inúteis, a tristeza única.