Arte do eu

Reirazinho
2 min readOct 14, 2021

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Eu, Matheus, sou falso. Cheguei a esta conclusão hoje de manhã. Não falo o que é necessário, apenas o desconfortável para as pessoas. A indiferença corroeu as minhas vísceras, tudo é tanto faz, tanto fez; se eu morrer amanhã, não faz diferença, nem para mim, quiçá, nem para todos. Sou honesto o bastante para admitir meu amor pelo mundo. Quero ser parte dele, uma peça do quebra-cabeça, jogar o seu jogo e raciocinar como ele. Simultaneamente, faço o possível para afastá-lo. Sinto-me uma estrela qualquer que irá explodir e brilhar com toda sua essência e vitalizar sua força em luz. A única diferença é que estou além de zilhões de anos-luz de uma estrela. Minha luminosidade foi escurecida há séculos.

Melancólico sujeito preso em solipsismo, não consegue escapar disso. Todo seu condutor de energia é mental. Ele busca entender a estrutura do real através da lógica. O que é a lógica se não o objeto cognoscente com ela mesma, vivendo em um eterno enamorar constante interrompido pelo elemento ‘’emoção’’. A lógica é a emoção emparelhada em setores, classificada e usada conforme o meio. Falo em terceira pessoa, quero ser uma apercepção, um Deus ex machina que sabe de tudo e irá resolver tudo impetuosamente.

A arte é o religare com o meu sagrado, a forma que tenho para atender as preces de um homem fatigado. Na arte sou mais intrínseco. O fantástico mundo da idealização é aqui, onde os fantasmas da ópera dançam na macabra sonata da morte. Na arte consigo ser o homem mais verdadeiro-falso escritor das montanhas. O antizaratustra: os sermões da desolação para mentes tranquilas, mas turbulentas.

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Reirazinho
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Written by Reirazinho

Sou feito de palavras não ditas e de melancólicas emoções. Escrevo o meu mundo com poesias e prosas.

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