Cafajeste

Reirazinho
5 days ago

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art: Romantic Novel (1894), by Santiago Rusiñol ( 1861–1931)

Eu sou a canastra da vida…
Num belo dia canto ao céu
gritando no socorro ainda
o desvelar do teu véu.

Dê-me vossa mão formosa
em beijo tácito e cândido,
um pouco da linda rosa
escondida no teu pânico.

Engravidar teu jardim
e ser jardineiro açúcar;
expurgar o mel de mim
na doçura o teu sugar.

Veja bem, sou cafajeste,
a mutilação de gente
que o desejo que só veste
escravizar vossa mente.

Sem vontade de perdão
grito só pela tua carne,
não de algum conselho vão
ao canibal que ama parte.

Amo com o corpo quente
e sou brasas infernais;
no seio do Diabo rente
amarrarei à alma ao seu cais.

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Reirazinho

Sou feito de palavras não ditas e de melancólicas emoções. Contemplo o mundo escrevendo poesias, prosas, contos, ensaios e crônicas.