Crânios e balas
Um grito de esperança avisto
na colina da utopia vã,
os destroços não me impedem
de andar sobre ossos injustiçados por ti.
Os crânios beijados por crivadas balas
beijam bocas de vermelho vinho
que vos embriagam sem razão,
a mesma boca protestada,
injuriada, calada e mortificada.
Tem olhos sem vistas do sofrimento,
olhando diáfanas passagens do abismo,
que por graças não se veem morrer;
tem sussurros da fantasmagoria
arranhando vossas carniças d’alma,
ensurdecidas pelo raio da bomba.
O romance que vos dá moral de matar
é a soberba do teu povo sofrido:
outrora deveria ensinar com dor,
mas com dor ferem os não escolhidos.