Fobia Social
Enclausurado pelo medo insalubre,
sentenciado em prisão domiciliar.
Acusado pelo frio na espinha:
Multidões me deixam doente.
Não desisto das coisas, não mesmo,
mas acontece que não há sossego;
minha alma vai a cem por hora,
na contramão d’rosa que aflora.
Um jardim tão lindo me espera,
mas o buque de flores me enterra.
O medo de enfrentar é uma enchente,
e minhas lágrimas dão mar sofrente.
Todos na vida debruçam em potência,
enquanto o solitário, sangra clemência.
Associal, anormal e escondido:
da sociedade, de si e do fatalístico,
destino ou rota, já não sabe seguir:
na estrada da vida, o caminho é desistir.