Memória Genética
Aquecido por trevas de tristezas obscuras. Aquelas ninguém vê; as que — no sequestro íntimo da subjetividade — o choro secou no mar da opressão. Seu nome é Horácio, mas nada de literário guarda o seu nome. Pelo contrário, ele guarda sobre seus braços massivos o seu filho prematuro. Quem dera se a criança pudesse ler as lágrimas de seu pai, o homem sensível que nunca pôde demonstrar sensibilidade. “Calado, homem não chora!” O mantra que ceifou bem no fulcro de seu espírito. Não chorou e agora nunca mais chorará. Porque, mesmo dando toda a paixão do mundo, sua dor gélida transcorreu à criança. Dizem que isso se chama memória genética.