Memórias

Reirazinho
1 min readFeb 3, 2025

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art: @clayshaper

No meu diário habitam com ossadas
Pétalas de paixões de nostalgia,
Nelas, as minhas covas mal-amadas,
Escreveram este homem do meio-dia.

No cintilar noturno da meia-noite
O meu amargor vomita sua memória;
— Oh, que lástima amar e ter o açoite
Da solidão, essa trágica história!

Vi o azul feito de trevas neste céu:
Que neblina, que desgraça existir!
São como rouxinóis que vi partir
Dos meus dedos… sem teu nome no anel.

Posso sentir teu beijo desenhar
Entre o lábio fantasma a eternidade;
Sóis e Luas afogados no teu mar
Em língua, que afoguei em larga saudade…

Nas lembranças também sinto m’nha morte,
Fagulhas das tuas lâminas vocálicas:
Palavras esquartejam com melódicas
Sílabas o desejo do mais forte…

Bela donzela morta que o véu é sombra,
Uma elegia tão mórbida a sós:
— O passado escorre, ruge e ronca
No gutural do amor sem a tua voz…

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Reirazinho
Reirazinho

Written by Reirazinho

Sou feito de palavras não ditas e de melancólicas emoções. Escrevo o meu mundo com poesias e prosas.

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