O incômodo do sofrimento
Prefiro ser enterrado a ser o incômodo. Minha voz irrita quem a ouve, meus comportamentos trazem irascíveis pensamentos a quem presencia. Os dias fogem da minha consciência, e ainda não existi. Concluo a existência como doença crônica que suporto. Nada importará quando a miséria dos homens ruir o mundo; sumirei miserável, apesar disso. A loucura pode ser a saída, gritar pelos versos e queimá-los logo em seguida; conseguir expurgar do espírito as verdades exclusivas das montanhas. Quem dera se a vida material coincidisse com a transcendência dela, e se as verdades enterrassem as mentiras.
É difícil encarar a si olhando o abismo rente ao fracasso. Tentativas parecem em vão, mas as bocas dos botequins disseram que o sofrimento é multidisciplinar. Ele pode não responder nossos anseios, mas nos revela algo novo ou esquecido. Sou cético referente a isso. O sofrimento às vezes é inútil, explode como um raio sem rumo ruindo os nossos arvoredos. Ficamos a esmo sobre os estilhaços de galhos nos perguntando a razão de sofrer.
