Ossadas
Sep 5, 2024
Inclinado aos velórios dos ossos
contemplo o decompor de toda pele,
transpasso pelo mar que não repele
os meus olhos noturnos nestes troços.
A vida foi nadar em rios insossos,
numa passagem crua que nos revele
o trem negro e mortuário sem o verme
dianteiro aos nossos sonhos póstumos.
Quem me dera a voz humana sórdida!
Ouvir os batimentos das misérias…
Ouço ecos do vazio destas matérias
cranianas e a fragrância toda mórbida!
Mas, se passaram corpos entre mim…
Meu Deus! Vivo sozinho indo a que fim?