Paredão

Reirazinho
Jul 19, 2021

--

Oskar Kokoschka Lotte Franzos, 1909

Lembranças de quando as paredes
das ruas eram a liberdade
que eu tinha, paredes de girassóis,
enriquecidos como o sol amarelado
nos antigos dias de verão.
Nostalgia familiar vieste debulhar
meu espírito, trazendo os grãos de
amargor; semeando a inação.
meu passado me condena!
Pois, sem ele a vida não se move.
Estou trancada nas celas do paralisar:
O ruído das pessoas ensurdece a
sonoridade dos bem-te-vis
das gotículas d’água na folha
e faz sangrar minha conexão
com o mundo.
Queria poder enxurdar meu amor
com a multidão, mas sou apedeuta.
Mormente quente no interior, mas
congelado pelo meu mitigado
violoncelo, que de suas cordas
foram fincadas na garganta do medo.
Tempo? Infindável passagem que
Distrai a minha carne.

--

--

Reirazinho
Reirazinho

Written by Reirazinho

Sou feito de palavras não ditas e de melancólicas emoções. Escrevo o meu mundo com poesias e prosas.

No responses yet