Portas de dentro e fora
Abriu no passo calmo o signo abstrato.
Possibilidade e imaginação,
Por fora, tampouco, dentro, seu ato;
Ato de entrar, sair, prender a mão.
Convida almas a fugirem das ruas
Como expulsa o preconceito afora.
Giz que denuncia misérias cruas
No compasso torto que nos viu à hora.
Ai de nós, transeuntes de todo o vento!
Passamos e deixamos horror vil,
E em ironia, deixamos ao relento
Construção de esperança tão anil…
Casamentos entre infernos e céus,
Divórcios e pegadas de pecado,
Vingança vermelha nos brancos véus;
Ai de nós, Deus, este mundo arrastado!
O paraíso tem sentido epistêmico?
Qual a chave que nos abre a bondade?
Ir à procissão do dogma pandêmico
Que a repugnância nos mede a maldade?