Ventania

Reirazinho
1 min readJul 11, 2023

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art: Wind (1903–1904), by Jan Stanislawski (1860–1907)

Sozinho e parado fico de companhia aos troncos das árvores. Nas sombras das folhagens pelo menos eu não sou o errado. Aqui, com o farfalhar do vento, ninguém me diz o que fazer ou pensar; meu corpo, mesmo inerte, sente-se em movimento. É como se o vento me dissesse ‘’abandone-os e liberte-se’’. O vento sabe mais do que pessoas. Um guia espiritual namorador dos meditativos — ele, onipresente como é, vê nas entrelinhas das circunstâncias. Ele que se expande por todos os poros do mundo, e nos deliciosos segredos de outrem, aconselha-me a partir. Quem dera se eu fosse vento, sou uma planta da existência, onde recebo o irrigar de críticas sobre minha a minha cabeça. E o meu solo seca não crescendo mais amor. Só há moscas pairando o que me sobrou de sanidade. Deve-se ser forte num mundo de ruínas em pé, principalmente se há sensibilidade.

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Reirazinho
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Written by Reirazinho

Sou feito de palavras não ditas e de melancólicas emoções. Escrevo o meu mundo com poesias e prosas.

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